A relação da Pérola com a família, mas sobretudo dela com o espaço não é algo que se possa mostrar de forma escancarada. É no pormenor dos pequenos atos que o conflito do filme se desenrola. Do facto da protagonista rejeitar o seu cabelo tão característico de decentes africanos, de não se sentir confortável com o pano nem com as ideologias do seu povo. Todos estes pontos são mostrados de forma passageira, sendo quase imperceptíveis para os olhares menos atentos. A música e a cor, também serão usados a favor do conflito. Logo na primeira cena, é possível perceber que quando Pérola estava fechada no quarto a tentar dormir, ela apenas conseguia escutar um mero ruído da música angolana. Simbolizando com isto, a permanência da sua cultura dentro de si, porém tão esquecida que quase não se fazia ouvir. Quando a protagonista decide levantar-se e abrir a janela, a música passa a ouvir-se de forma clara, revelando que, basta Pérola abrir o seu coração para Angola( a sua Terra) voltar a fazer parte dela. Quanto à cor, também esta se revela um fator muito importante na construção da história. O filme terá dois tons principais, laranja e azul. A cor laranja significa aconchego, já a azul pode significar solidão. Essa é a dualidade da nossa história, desse modo, veremos tons mais quentes e laranja quando tivermos a observar a família, em contra partida veremos tons muito mais azulados e frios quando a protagonista tiver sozinha em campo.